Diário do Caminho - El Burgo Ranero - Arcahueja - Villar de Mazarife - 25 e 26 de setembro de 2009
"Sin dolor no hay gloria". Li essa frase no caminho em um dia que ela "caiu como uma luva". Penso que não conseguimos crescer se continuarmos fazendo as mesmas coisas, nos mesmos lugares e com as mesmas pessoas. Enfrentar o novo é difícil, sair da zona de conforto é enfrentar o novo e algumas pessoas odeiam isso. Bem, eu AMO!!!
Quando eu comecei a minha vida profissional, em um hotel em Salvador, o gerente do setor em que eu trabalhava me disse o seguinte - Quando você enfrenta o problema e não repassa para o outro, você cresce. Porque quando esse problema vier de novo, você já sabe como resolvê-lo. E assim eu penso. Porém é exatamente nessa "glória" que está a "dor". Para quem já morou no exterior para aprender uma língua sabe do que estou falando. Como é difícil ficar meses sem se comunicar. A saudade dói, mas depois a gente começa a conversar, a entender a letra de uma música. Ahhh como é bom!
Nesses dias tive 2 grandes aprendizados - Além do "Sin dolor no hay gloria", aprendi que sejamos quer formos, nós sempre representaremos um grupo. Sou mulher, soteropolitana, baiana, brasileira... E tantos outros... Porém neste dia eu fui PEREGRINA. Um exemplo de determinação e força para um grupo de japoneses que visitavam a catedral da cidade de Leon. Que alegria a minha representar esse grupo de pessoas com sonhos tão diferentes, porém determinados e conquistadores.
Depois de tanto voltaram 3 bolhas e assaduras nas coxas.
Vamos a mais uma página do diário:
"Hello friends....
El Burgo Ranero - Arcahueja (25.09)
O casal (italiana + alemao) se juntou ao nosso grupo de vez. Agora somos 5 mosquiteiros. O dia foi tranquilo, sem novidades. Descobri mais 3 bolhas e assaduras nas coxas. Pode??? Achava que não ia ter mais nada ateh o final do caminho (grgrgrgrgrgrgrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr)
Arcahueja - Villar de Mazarife (26.09)
Andamos 9 Km até Leon (a maior cidade do caminho), visitamos a cidade por 2 horas e quando estávamos na catedral tive os meus 15 minutos de fama. Havia um grupo de japoneses em uma sala (25 pessoas mais ou menos) e a guia espanhola estava explicando para a guia japa sobre a peregrinação e eis que surge - Moniquinha, la peregrina. A guia me parou e me perguntou de onde eu era, quando mostrei a bandeira quase fiquei cega de tantos flashs. rsrsrsrs Me perguntaram um monte de coisas, mostrei a minha credencial e mais flashs. Óbvio que tive que falar as poucas palavras que conheço em japonês e acreditem, fui aplaudida. rssrrsrs muito engraçado. Me deram de presente um biscoito desejando boa viagem, com um saquinho de tecido (ver foto em anexo). Fiquei muito feliz por poder representar todos os peregrinos do caminho para aquele grupo de japoneses. Um povo que amo e admiro tanto pela sua força e personalidade.
Depois de todo o sucesso, o retorno a dura realidade da peregrinação - andar, andar e andar. Por causa das bolhas estava caminhando de maneira inadequada e meu pé estava quente e latejando de dor. Senti que não conseguiria dar mais um passo, sentei no primeiro lugar que vi e chorei de soluçar. Que dor!!! Ainda faltavam 8 Km, são quase duas horas andando. Andamos mais 3 Km e paramos em um bar. Tirei as sandálias, as meias, enchi o pe de arnica, massagem, pernas para cima. Deitei mas não conseguia dormir. Tremia de dor e de frio (sei lá o que era...). Ficamos lá por mais ou menos 1 hora. Ainda precisávamos caminhar 5 Km. E lá fomos nós. Calçamos meias, sapatos e de repente vem a italiana me pedindo a minha mochila. Olhei para o marido dela e ele estava com a mochila dela na frente e a dele atrás. Não acreditei. Comecei a chorar de felicidade. Meu Deus, andar sem o peso da mochila é uma bênção. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Graças a eles consegui caminhar os 5 Km em 1 hora.
Pois é amigos, o caminho e a vida tem dessas coisas. Quando a gente menos espera vem alguém para carregar a nossa mochila. Sem palavras para descrever o meu agradecimento ao casal....
Villar de Mazzarife - Astorgas
É impressionante o poder de recuperação de uma noite de sono.
Dia tranquilo. Caminhada abençoada.
Beijos enormes e inté amanhã...
La peregrina Moniquinha!
Quando eu comecei a minha vida profissional, em um hotel em Salvador, o gerente do setor em que eu trabalhava me disse o seguinte - Quando você enfrenta o problema e não repassa para o outro, você cresce. Porque quando esse problema vier de novo, você já sabe como resolvê-lo. E assim eu penso. Porém é exatamente nessa "glória" que está a "dor". Para quem já morou no exterior para aprender uma língua sabe do que estou falando. Como é difícil ficar meses sem se comunicar. A saudade dói, mas depois a gente começa a conversar, a entender a letra de uma música. Ahhh como é bom!
Nesses dias tive 2 grandes aprendizados - Além do "Sin dolor no hay gloria", aprendi que sejamos quer formos, nós sempre representaremos um grupo. Sou mulher, soteropolitana, baiana, brasileira... E tantos outros... Porém neste dia eu fui PEREGRINA. Um exemplo de determinação e força para um grupo de japoneses que visitavam a catedral da cidade de Leon. Que alegria a minha representar esse grupo de pessoas com sonhos tão diferentes, porém determinados e conquistadores.
Depois de tanto voltaram 3 bolhas e assaduras nas coxas.
Vamos a mais uma página do diário:
"Hello friends....
El Burgo Ranero - Arcahueja (25.09)
O casal (italiana + alemao) se juntou ao nosso grupo de vez. Agora somos 5 mosquiteiros. O dia foi tranquilo, sem novidades. Descobri mais 3 bolhas e assaduras nas coxas. Pode??? Achava que não ia ter mais nada ateh o final do caminho (grgrgrgrgrgrgrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr)
Arcahueja - Villar de Mazarife (26.09)
Andamos 9 Km até Leon (a maior cidade do caminho), visitamos a cidade por 2 horas e quando estávamos na catedral tive os meus 15 minutos de fama. Havia um grupo de japoneses em uma sala (25 pessoas mais ou menos) e a guia espanhola estava explicando para a guia japa sobre a peregrinação e eis que surge - Moniquinha, la peregrina. A guia me parou e me perguntou de onde eu era, quando mostrei a bandeira quase fiquei cega de tantos flashs. rsrsrsrs Me perguntaram um monte de coisas, mostrei a minha credencial e mais flashs. Óbvio que tive que falar as poucas palavras que conheço em japonês e acreditem, fui aplaudida. rssrrsrs muito engraçado. Me deram de presente um biscoito desejando boa viagem, com um saquinho de tecido (ver foto em anexo). Fiquei muito feliz por poder representar todos os peregrinos do caminho para aquele grupo de japoneses. Um povo que amo e admiro tanto pela sua força e personalidade.
Depois de todo o sucesso, o retorno a dura realidade da peregrinação - andar, andar e andar. Por causa das bolhas estava caminhando de maneira inadequada e meu pé estava quente e latejando de dor. Senti que não conseguiria dar mais um passo, sentei no primeiro lugar que vi e chorei de soluçar. Que dor!!! Ainda faltavam 8 Km, são quase duas horas andando. Andamos mais 3 Km e paramos em um bar. Tirei as sandálias, as meias, enchi o pe de arnica, massagem, pernas para cima. Deitei mas não conseguia dormir. Tremia de dor e de frio (sei lá o que era...). Ficamos lá por mais ou menos 1 hora. Ainda precisávamos caminhar 5 Km. E lá fomos nós. Calçamos meias, sapatos e de repente vem a italiana me pedindo a minha mochila. Olhei para o marido dela e ele estava com a mochila dela na frente e a dele atrás. Não acreditei. Comecei a chorar de felicidade. Meu Deus, andar sem o peso da mochila é uma bênção. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Graças a eles consegui caminhar os 5 Km em 1 hora.
Pois é amigos, o caminho e a vida tem dessas coisas. Quando a gente menos espera vem alguém para carregar a nossa mochila. Sem palavras para descrever o meu agradecimento ao casal....
Villar de Mazzarife - Astorgas
É impressionante o poder de recuperação de uma noite de sono.
Dia tranquilo. Caminhada abençoada.
Beijos enormes e inté amanhã...
La peregrina Moniquinha!
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