A Rosa de Hiroshima


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueça
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada"
Rosa de Hiroshima - Vinícius de Moraes 

É impossível vir a Hiroshima e não ficar atônito. A cidade te perturba, provoca e emociona. A ideia é transformar a cidade em uma referência de paz, mas ao primeiro momento ela revolta.

Antes de mostrar as fotos queria somente lembrar que a Bomba de Hiroshima foi lançada pelos americanos nesta cidade no final na guerra no dia 06 de agosto de 1945 às 08:15. Foi a primeira bomba atômica utilizada na história. Ela foi jogada para explodir propositalmente no ar, pois assim o efeito seria mais devastador. A bomba destruiu tudo num raio de 2 Km. O calor da explosão atingiu de 3.000 a 4.000 graus. Eles não tem ao certo a quantidade de pessoas que morreram pois perderam todos os registros da cidade na explosão, mas o número estimado é de 150.000 pessoas incluindo chineses, coreanos e americanos (prisioneiros de guerra). No dia seguinte enviaram um fotógrafo jornalístico para cobrir o evento, mas ele ficou tão abismado com o cenário de destruição e pessoas mortas que só conseguiu tirar 5 fotos.

 Começamos a visita pela Cúpula da Bomba Atômica. Esse prédio ficava a 150 metros da explosão e o governo decidiu manter como símbolo da paz. Segundo relato de um morador, Sr. Mito Kosei (blog - http://blog.livedoor.jp/mitokosei) que teve a sua família afetada pelos efeitos da bomba, os japoneses não sentem raiva dos americanos, sentem raiva porque eles ainda têm armas nucleares. Li que este prédio conseguiu se salvar por causa da cúpula, que serviu como válvula de escape.







 Ao lado desse prédio passa um rio. Depois do bombardeio a cidade estava em chamas e as pessoas andavam pelo rio atordoadas, sem ter onde ir e sentido muita dor. 



Relatos do Sr. Mito Kosei


Relatos do Sr. Mito Kosei
Depois entramos no Pavilhão Nacional de Hiroshima que tem uma representação do epicentro e ao lado paredes representando o que foi destruído no raio de 2 km.



Monumento 8:15
Pedras são dos arredores da Cúpula d Bomba Atômica
"Encarna também o espírito de Hiroshima...

suportando a dor, superando o ódio...

perseguindo a harmonia e prosperidade para todos...

e desejando ardentemente uma longa e genuína paz no mundo" Monumento Comemorativo
O monumento em homenagem a Sadako Sasaki é bonito. Ela estava longe do epicentro mas foi atingida pela chuva com radiação aos 2 anos de idade. 10 anos depois, ela já internada no hospital, recebeu a visita de uma amiga que lhe contou a lenda do tsuru (o pássaro que fazemos no origami). Se ela fizesse 1000 tsurus teria direito a um pedido. Ela conseguiu fazer 646 mas faleceu. Seus amigos fizeram o restante para que ela fosse enterrada com os 1000 tsurus. Até hoje as pessoas enviam tsurus para serem expostos na lateral deste monumento.



Quadro com tsurus

Quadro co tsurus




 Por fim entramos no museu Memorial da Paz de Hiroshima, essa é a parte mais difícil da visita, pois lá tem pertences das vítimas da bomba e o relato de diversas pessoas. É difícil fotografar isso hoje, eu imagino naquela época. 

1 das 5 fotos do fotógrafo jornalístico Yoshito Matsushige

Representação de pessoas andando pelos escombros

Como ficou Hiroshima

Roupa de um dos atingidos
Depois daqui não consegui mais fotografar. Todas as histórias eram pesadas, as pessoas sentiam muita dor e alucinavam. E quem sobreviveu sentia uma culpa imensa. 

Bem, vamos sair da tristeza e vamos falar um pouco do nosso quartinho de Hiroshima. Desta vez estamos dormindo em um quarto "estilo japonês". No Japão encontramos esse quarto em pousadas chamadas de Ryokans. Porém tivemos dificuldade para reservar e o que achávamos estava muito caro, então ficamos nesse albergue que tinha o tal quarto japonês. Mas para a minha surpresa o meu marido adorou! Disse que era espaçoso e que fazia lembrar a infância, de quando ia veranear e dormia em colchões no chão. 

Ficamos no K's House Hiroshima, gostei do astral do albergue, excelente atendimento e internet. Achei um ponto fraco que foi a toalha, eles cobram a parte. Não entendi porque não cobra a mais e fornece automaticamente. Quando eu mochilei na Europa eu não levei toalha!  O quarto estilo japonês é de tatame e dormimos em futons. Gostei, mas não amei!





Manual de como preparar a cama. Acredite - é necessário!
Terminamos o dia com a comida típica daqui. Aquela panquequinha... Okonomiyake!




E chegamos ao fim de mais um capítulo! Muita paz para todos nós!

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