Diário do Caminho - 15 de setembro de 2009 - Los Arcos - Logrono / Logrono - Navarrete
Mais uma página do diário.
"Los Arcos - Logrono
Sétimo dia de caminhada - Saída da infância, aprendendo a caminhar.
Hoje o café da manhã foi bem reforçado, serão 30 km. Mingau de aveia (não como isso desde que tinha 4 anos de idade), com leite condensado e café com leite... E la vamos nós (como diz Dea prima - força nos "cambitos". Que definitivamente, não é o meu caso.... rsrsrsrs).
Depois de 8 Km paramos em 1 igreja (Sto Sepulcro) que no guia estava descrita "igreja atribuída aos templários, octagonal, romanica-bizantina, com forte influencia árabe. Eh um dos lugares de maior energia do caminho". Quando entrei na igreja perguntei "Onde está a igreja?"E a senhora disse "é essa, ela é assim mesmo pequena", Nunca havia entrado em uma igreja assim, muito pequena e só com uma imagem, e depois da catedral de Pamplona que é MARAVILHOSA, e também por ser baiana, esperava uma coisa muito diferente. Bem, como estava lá, rezei e pedi a Deus pelo meu tornozelo que estava doendo MUITO. Quando sai Jeffrey (o padre) perguntou "gostou?" e eu tive que falar a verdade e então ele explicou que a beleza dessa igreja está na perfeição das formas e na simplicidade. A igreja é como a vida, como o caminho, simples. Deus meu... Como não tinha visto isso antes. Depois disso achei a igreja até bonitinha (não posso mudar tão radicalmente... rsrsrs).
Caminhamos mais 5 min e meu tornozelo deu uma puxada que fui na lua e voltei, uma dor maior do que 10 depilações na virilha. Parei, rezei de novo e continuei a caminhar. E então tive a minha grande lição desses 7 dias para fechar com chave de ouro a minha infância do caminho. O meu tornozelo parou de doer completamente e consegui fazer o restante dos 22 Km tranquilamente. Talvez tenha sido a fé, a oração... Só sei que consegui completar a meta para aquele dia.
Well, para não abusar de Deus continuo a tomar anti inflamatório.
E para fechar o dia com chave de ouro, dormimos em uma albergue com a verdadeira filosofia do caminho. É uma paroquia com diversos colchonetes no chão, todos os peregrinos jantam e tomam café juntos e você paga o quanto puder ou quiser... Lindo lindo lindo... E eu ainda ajudei na cozinha. Sei que para alguns deve ser loucura que estou falando, mas essa foi a experiência mais esperada por mim no caminho. Ficar em um albergue com essa filosofia.
Logrono - Navarrete
Hoje andamos pouquíssimo (13 Km) porque o albergue da cidade vizinha está fechado e seria um risco não pararmos porque se não encontrássemos lugar, teríamos que andar mais de 50 Km ao total.
Porem andamos o suficiente para encontrar "Marcelino, el pelegrino". Esse cara eh uma lenda no caminho. No livro de Paulo Coelho ele era um peregrino de outro planeta (coisas de Paulo Coelho). Ele fez a primeira peregrinação em 1971 (ano que nasci) e segundo o mesmo, foi ele quem pintou a primeira flecha do caminho (a flecha amarela é a indicação para onde devemos seguir, usada hoje em toda a Espanha como indicador). Hoje ele tem uma barraquinha e oferece frutas, biscoitos e carimba a credencial dos peregrinos que passam por ali. Ontem também passamos por outra pessoa assim, a filha da Sra. Felisa, que oferece "figos, água e carinho". Ela faleceu em 2002, mas sua filha continuou a tradição. Eh muito fofo como essas pessoas se dedicam ao caminho...
O próprio Marcelino, el peregrino me disse para ficar em Navarrete, e quem sou eu para não seguir o conselho desse mestre do caminho....
Hoje vamos comer comida belga feita por Christine. Ai ai ai... já estou preocupada porque daqui a pouco vai sobrar para mim. E eu não cozinho nada!
No mais é isso... O frio está chegando, começamos a andar com 13 graus. O problema não é andar, o problema é parar.
Beijos em todos Moni, la peregrina! :-)"
"Los Arcos - Logrono
Sétimo dia de caminhada - Saída da infância, aprendendo a caminhar.
Hoje o café da manhã foi bem reforçado, serão 30 km. Mingau de aveia (não como isso desde que tinha 4 anos de idade), com leite condensado e café com leite... E la vamos nós (como diz Dea prima - força nos "cambitos". Que definitivamente, não é o meu caso.... rsrsrsrs).
Depois de 8 Km paramos em 1 igreja (Sto Sepulcro) que no guia estava descrita "igreja atribuída aos templários, octagonal, romanica-bizantina, com forte influencia árabe. Eh um dos lugares de maior energia do caminho". Quando entrei na igreja perguntei "Onde está a igreja?"E a senhora disse "é essa, ela é assim mesmo pequena", Nunca havia entrado em uma igreja assim, muito pequena e só com uma imagem, e depois da catedral de Pamplona que é MARAVILHOSA, e também por ser baiana, esperava uma coisa muito diferente. Bem, como estava lá, rezei e pedi a Deus pelo meu tornozelo que estava doendo MUITO. Quando sai Jeffrey (o padre) perguntou "gostou?" e eu tive que falar a verdade e então ele explicou que a beleza dessa igreja está na perfeição das formas e na simplicidade. A igreja é como a vida, como o caminho, simples. Deus meu... Como não tinha visto isso antes. Depois disso achei a igreja até bonitinha (não posso mudar tão radicalmente... rsrsrs).
Caminhamos mais 5 min e meu tornozelo deu uma puxada que fui na lua e voltei, uma dor maior do que 10 depilações na virilha. Parei, rezei de novo e continuei a caminhar. E então tive a minha grande lição desses 7 dias para fechar com chave de ouro a minha infância do caminho. O meu tornozelo parou de doer completamente e consegui fazer o restante dos 22 Km tranquilamente. Talvez tenha sido a fé, a oração... Só sei que consegui completar a meta para aquele dia.
Well, para não abusar de Deus continuo a tomar anti inflamatório.
E para fechar o dia com chave de ouro, dormimos em uma albergue com a verdadeira filosofia do caminho. É uma paroquia com diversos colchonetes no chão, todos os peregrinos jantam e tomam café juntos e você paga o quanto puder ou quiser... Lindo lindo lindo... E eu ainda ajudei na cozinha. Sei que para alguns deve ser loucura que estou falando, mas essa foi a experiência mais esperada por mim no caminho. Ficar em um albergue com essa filosofia.
Logrono - Navarrete
Hoje andamos pouquíssimo (13 Km) porque o albergue da cidade vizinha está fechado e seria um risco não pararmos porque se não encontrássemos lugar, teríamos que andar mais de 50 Km ao total.
Porem andamos o suficiente para encontrar "Marcelino, el pelegrino". Esse cara eh uma lenda no caminho. No livro de Paulo Coelho ele era um peregrino de outro planeta (coisas de Paulo Coelho). Ele fez a primeira peregrinação em 1971 (ano que nasci) e segundo o mesmo, foi ele quem pintou a primeira flecha do caminho (a flecha amarela é a indicação para onde devemos seguir, usada hoje em toda a Espanha como indicador). Hoje ele tem uma barraquinha e oferece frutas, biscoitos e carimba a credencial dos peregrinos que passam por ali. Ontem também passamos por outra pessoa assim, a filha da Sra. Felisa, que oferece "figos, água e carinho". Ela faleceu em 2002, mas sua filha continuou a tradição. Eh muito fofo como essas pessoas se dedicam ao caminho...
O próprio Marcelino, el peregrino me disse para ficar em Navarrete, e quem sou eu para não seguir o conselho desse mestre do caminho....
Hoje vamos comer comida belga feita por Christine. Ai ai ai... já estou preocupada porque daqui a pouco vai sobrar para mim. E eu não cozinho nada!
No mais é isso... O frio está chegando, começamos a andar com 13 graus. O problema não é andar, o problema é parar.
Beijos em todos Moni, la peregrina! :-)"
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