Shhhhhh.... Concentração

"O trabalho liberta" a quem?
O que dizer sobre um lugar tão absurdo quanto este? Passei a visita inteira me questionando se eu seria aquele que lutaria até o fim ou se me jogaria na cerca de 300 volts, já que fugir era impossível. É absurda a vontade de viver desse povo, que não eram só judeus, eram ciganos, estrangeiros, desempregados, gays, que não se alistaram no exército, que resistiam ao sistema. Resumindo: era quem eles quisessem. É como eu digo dos terroristas de hoje, não é a religião, assim como os nazistas, não é a "limpeza" da raça, é o ódio, a vontade de matar por matar. 

Andar por Sachsenhausen é tentar reconstruir a história de milhares de pessoas que morreram ou sobreviveram a este momento da história que nos parece impossível nos dias de hoje. Tudo descrito ou narrado parece inacreditável, parece um exagero. Mas não é.  Assim é o ódio, absurdo e inacreditável, pelo menos para nós, seres humanos normais. 

Entrada do museu


Torre A - daqui eles tinham a visão de todo o campo

Cerca elétrica

Banheiro para banho

Os galpões foram derrubados, reconstruíram somente alguns 

Prisão dentro da prisão. 

Visão do campo
Estar em um campo de concentração é nos silenciar. Sentir um cheiro esquisito de madeira queimada com algo forte que não consigo descrever. É ver, ler e ouvir relatos de pessoas que sofreram e viveram aquela barbaridade. Poderia descrevê-las, mas prefiro deixar 2 indicações que vi e li antes de vir para cá. O filme "Os falsários", fala sobre este campo, onde foi falsificado alguns milhões de libras esterlinas. E o livro "A bibliotecária de Auschwitz". O campo de concentração Sachsenhausen não foi um campo de "extermínio", coloco entre aspas porque deixar milhares de pessoas presas, aglomeradas, podendo ir no banheiro somente 2 vezes por dia e uma sopa de casca de batata ou nabo, sem remédios, sem, sem, sem... Podem não terem exterminado a vida, mas exterminaram a dignidade e por doenças, fome, cansaço mais de 100 mil morreram. Em um dos relatos que vi, um senhor volta ao campo e conta que ele acordou e que o banheiro estava vazio, então ele foi acordar os seus dois amigos que dormiam do lado dele, porém percebeu que os dois estavam mortos. Eles também colocavam os presos para andar no campo durante 24 horas para testar botas.



...

No caminho de volta ouço a voz macia e doce de Caetano - "me leva que eu vou sonho meu, atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu" e me faz lembrar o quão pequeno são os nossos problemas. 

E assim eu sigo estação após estação até chegar na Gneisenaustrabe, vamos ao Mercado Marheinekeplatz encontrar o nosso amigo Maurício, do restaurante Lola. Nada como um Rioja e tapas para esquecer esse horror. 







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